domingo, 25 de abril de 2010

O Casamento Deles - I

Comecemos do início: Eu e a Brócula decidimos ir viver juntas, depois de estar tudo tratado e contrato assinado a Brócula diz que ah e tal não vai dar (eu sei que não foi bem assim, mas para a história pouco importam os pormenores). Eu vejo-me sozinha e na necessidade de arranjar alguém para partilhar a casa e sobretudo a renda, lá começo a espalhar anúncios.
Passados uns tempos ela responde ao anúncio, encontramo-nos para visitar a casa, a Brócula estava comigo e ela trazia uma amiga também, primeiro pensamento: "Tem ar de fufa". Chegamos a casa, a Vilma era bebé, tinha feito chichi no corredor e eu pensei: "Estou fodida. Porque é que eu me meti nisto? Porque raio não fiquei quietinha sem cão e num quarto alugado?" Ela riu-se, eu fui limpar o corredor. Ela foi vendo a casa. Quando acabei de lavar o chão fui lavar as mãos e ela entra na casa de banho e começa a fazer chichi como se nos conhecêssemos há anos. Soube logo que íamos ser amigas. Já não me lembro bem da mudança, mas lembro-me que o namorado estava a viver em S. Francisco, que tínhamos uma caneca de S. Francisco que era de estimação, e que ele lá estava há dois anos e eles já não se viam há imenso tempo (foram dois anos não foram?). Ele ía voltar e ela estava cheia de dúvidas.
Ela tinha acabado de me conhecer mas partilhou comigo os medos e ansiedades e eu respondi como pude. Ele chegou, de vez, ela esqueceu-se das dúvidas do medo e da ansiedade. Eu também tinha um namorado que aos poucos foi ficando a viver lá em casa. Saímos todos juntos. O namorado dela pagou tudo a toda a gente porque "Eu estive na América!" Rimos muito os quatro, vivemos juntos numa casa muito velha, numa sala sem mobília, cozinhámos uns para os outros, partilhámos quase tudo, vivemos muitos episódios caricatos. Recebemos os amigos deles, veio A que não tem nome (na altura tinha), ficou lá quinze dias. A primeira frase que lhe ouvi foi "Eu quero que a canalha morra toda!", e eu nunca mais me esqueci do ar incrédulo do meu namorado. Fomos uma família. Entretanto o namorado dela arranjou trabalho, em Aveiro, e ela no fim do ano lá foi, ter com ele.
Eu tive de começar a procurar alguém outra vez, já estava farta de partilhar casa, sabia que não ía encontrar alguém como ela. E não encontrei, depois dela foi um desfilar de cromos. Quando ela foi embora herdei-lhe a amiga, A que não tem nome, foram muitos passeios, muitas idas ao cinema, muita comida japonesa, muitas novidades, começos, fins, amores, desamores, alegrias e frustrações.
Um dia, como acontece sempre nesses dias, eu tinha o telefone desligado. Quando o liguei tinha uma data de chamadas não atendidas, uma dela e imensas d'A que não tem nome, e uma mensagem do meu irmão a dizer: "A que não tem nome quer falar contigo." Fiquei em sobressalto, liguei-lhe. Novidades boas! A nossa amiga estava grávida. Os nossos amigos vão ser pais. E nós histéricas, grávidas também de alegria. Liguei-lhe a dar os parabéns, tão feliz! Estivemos juntos uns tempos depois, felizes como sempre.
Passadas duas semanas outro telefonema: "Vamos casar! Daqui a um mês e meio. Desta vez consegui ser mais rápida do que A que não tem nome!"

3 comentários:

Terráqueo disse...

Adoro essas histórias do cotidiano.

Simone de Oliveira disse...

:)
a) continuo a querer,às vezes, que a canalha morra toda; e nem sempre é em sentido figurado!!!
b) ele esteve em S. Francisco 9 meses; comemoramos com um jantar a ida; oferecemos uma garrafa de Moscatel de Setubal, que abrimos e bebemos os quatro, em Aveiro, o ano passado. Ele que sempre se pautou por alguma indiferença a "momentos", não deixou que fosse aberta enquanto não estivessemos todos juntos novamente em volta de uma mesa;
c) conheci-a um ano antes de ti Chica, tb vivemos juntas e tb nunca mais conheci e vivi com alguém assim;
:)

vanda disse...

linda historia, gostei!parabens para as amigas,futuros pais e noivos! ! :0)))