quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Viagens para a terra dos outros

Nunca tinha viajado com/na Ryanair. Viajei agora que fui para Munique. Um voo atolado pós Natal. Atolado de pessoas, atolado de casacos, atolado de malas, atolado com coisas altamente improváveis, como um bolo rei. Muitas coisas podem correr mal num voo da Ryanair, a começar pela viagem a pé que temos de fazer entre o aeroporto e a pista…malinhas na mão, olhar esgrouviado perante a probabilidade de levarmos com uma asa de uma passarola qualquer lá estacionada/aterrada. Depois, o tempo que levamos a entalar a bagagem no espaço mínimo, com a senhora histérica a comunicar pelos altifalantes que, tínhamos 10 minutos para abandonar a pista, caso contrário, desembarcávamos todos e passávamos a noite no aeroporto. Buuu, que medo! Técnicas antigas que eu também uso com os meus alunos mas que, pelos vistos, também com adultos surtem efeito: é enfiar com tudo lá para dentro antes que aquela gente se enerve. Depois, a ideia das pessoas que transportam instrumentos musicais e que, não compram um excedente de bagagem, mas sim um bilhete emitido no nome de Senhora Guitarra. Ora obviamente, na contagem dos passageiros, faltava um. Contagem após contagem e sete contagens depois, o companheiro da Senhora Guitarra lá compreendeu que aquilo era por causa dele, e todos perceberam que afinal não faltava ninguém e que aquela “passageira” só queria era dar música. Avião no ar, começa o espectáculo das vendas: venda de comida, venda de perfume, venda de rifas e venda de raspadinhas. Vendem em inglês, vendem em português e tentam manter-se sérios e profissionais naquela feira aérea. Depois de quase duas horas de voo, aterramos violentamente num aeroporto minorca no meio do nada e solta-se uma gravação com vivas e yuupissss, seguida de um frenético bater de palmas por parte dos passageiros extasiados. É hora de desembarcar, pé ante pé, pelo meio da neve aos escorregões, cheios de fome e com um frio de morte. Para ser ainda mais divertido, convém que sejam íntimos dessas pessoas que viajam com bolos rei e guitarras. Eu era.