sexta-feira, 29 de julho de 2011

Senhor Comandante

Voltei à escola nos meses de Primavera, para estudar História. Inscrição ás cegas: História Medieval, História Contemporânea. Exigências de um bêábá debitado na secretaria a que obedeci sem grande contestação, como veículo de um processo que será longo e maior. Agora sento-me à frente. Os putos que lanço para o ensino superior, ficam atras de mim, nas mesas do fundo a atenderem o telemóvel durante a aula e a sairem para buscar grandes copos de café. Sou o único ser que se indigna por ali, até os professores parecem estar resignados: debitam matéria a uma velocidade que acompanho com letra certinha e aprumada. Fiz-me aluna séria e chata. Agora aprendo e aprendo bem. As notas revelam-se e os amiguinhos conseguidos continuam incomuns como muito e tanto na minha vida. O senhor Amândio, assídua presença nas aulas de Medieval, está ali por aconselhamento médico. É meu companheiro na mesa da frente, o que me abre um vislumbre sobre o meu fuuro! Mantém uma relação atribulada com o professor da cadeira que lhe chama Sr. Comandante. O Senhor Amândio explicou-me: foi Comandante na GNR. Gosta muito de armas. Também gostava muito da mãe, mas a senhora já morreu. Era transmontana e o Senhor Amândio em criança, costumava dizer-lhe: "dá-me a têta, caralho"! Contou-me isto com vivacidade no olhar enquanto alinhava umas letras no caderno. É o terceiro curso que o Senhor Amândio frequenta, sem ter terminado nenhum. Julgo que está à procura da vocação ou então não gosta de pôr fim ás coisas. É transmontano, já disse e gosta muito de armas. Lembrei-me dele quando vi o louco do país frio. Tal como o Senhor Amândio, gostava muito de armas. Foi pena, houvera alguém que o aconselha-se a frequentar um curso de História e talvez se evitasse a desgraça e conseguisse uma maior coerência política no seu discurso.

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