sábado, 13 de março de 2010

Um porquinho chamado ... Ru-Ru

Esta coisa de ser viver no campo tem os seus encantos. Em vez de termos como animais de estimação uns sensaborões peixes ou uns irritantes passarinhos, engaiolados e tristes, podemos aspirar estimações, digamos, maiores e mais expressivas, com múltiplas utilidades. Julgo que foi exactamente a pensar nisso que o meu vizinho Artur decidiu comprar um porco. Há três anos, o Artur comprou o Ru-ru. A ideia era de engordar o Ru-ru até não poder mais e um dia, aplicar-lhe o golpe de misericórdia e transformar o Ru-ru num presunto, numas costeletas e por aí fora. Mas a vida é irónica: o Artur ficou viúvo um ano depois do Ru-ru lhe ter entrado no lar e o porco tornou-se o único ser vivo a alegrar-lhe os dias. Não que o Ru-ru lhe substituí-se a companhia da defunta (e vai daí, já não digo nada…), mas os dias foram passando e o Ru-ru foi ficando sem que o Artur tivesse coragem de lhe espetar a faca. Já lá vão 3 anos. O porco ganhou peso e uma vida social. O Artur passeia agora o Ru-ru pelo monte e pela estrada. Dias há em que o Ru-ru lhe foge e vai tratar de se aventurar pelo Mundo: chafurda na terra que o conduz ao rio, competindo alegremente com o cantoneiro da Câmara que anda a arranjar o caminho depois destas chuvadas. O Artur preocupa-se… ultimamente o porco sai cada vez mais cedo de casa e volta mais tarde e é ver o dono aos gritos pela freguesia abaixo, pela freguesia acima: “Ru-ru…oh Ru-ru olha que está a ficar noite!”. E é ver o porco, a descer calmamente a calçada até entrar em casa satisfeito e ficar tudo bem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem dera à muitos a vida do Ru-ru. Adrenalina!Ru-ru sempre com a pergunta: será que é hoje? ;) *nss

Chica Bacana disse...

Vivemos todos como o Ru Ru, sem saber qual é o dia em que a faca desce sobre nós. Tem mais piada assim, claro que tem, desde que não a tenhamos à frente dos olhos o tempo inteiro.

Simone de Oliveira disse...

Nuno,
"bien venido"!!

Chica,
os anos não passam pela Vilma!!!!!o mesmo ar doce e alucinado que tão bem a caracteriza:)