domingo, 27 de junho de 2010

E porque se fala em nadar...

Não deve ter mais que quatro anos e faz-se acompanhar por uma avó histérica e pela irmã rais-te-parta-esse-cabelo-Marlene. Dele não sei o nome, mas não é isso que tem impedido a nossa relação visualmente íntima. Quando lá entro, às terças-feiras, no balneário das piscinas, ele já lá está. A avó esganiçada, tenta dominar o cabelo da rais-te-parta-esse-cabelo-Marlene, que não fosse a pele alva de musa de Rubens e eu quase apostaria que descendia de algum chefe de tabanca dos longínquos reinos da África profunda. Enquanto a avó tenta dar conta do recado e a rais-te-parta-esse-cabelo-Marlene se debate furiosamente, ele, com um pacote de bolachas na mão, prega os olhos em quem entra, para não mais os largar do alvo. Nas últimas duas semanas, tenho sido a contemplada: quatro anos de idade, umas sandálias nos pés, uns corsários a baterem estrategicamente na perninha roliça e uma barriga que faz adivinhar um macho luso em franco desenvolvimento. Esta semana, na t-shirt podia ler-se “I´m a Rock Star”, e ele, fruto da intensa observação da semana anterior, parecia já menos espantado. Eu, confesso, tenho grandes dificuldades em manter-me séria, perante aquele par de olhos, bolacha a meio caminho entre a barriga e a boca e um ar que varia entre o horror e o deslumbramento. A semana passada, foi o levantar da blusa o que o mais perturbou, a bolacha ficou ali uns minutos, boca aberta de espanto….e a partir do momento em que a roupa toda me saiu do corpo, as bolachas começaram entrar-lhe pela boca dentro a um ritmo frenético. Esta semana, já se aguentou melhor: encostou-se à parede, escorregou por ela abaixo e com um ar de quem já papou muito balneário feminino na vida, comeu vagarosamente as bolachas enquanto eu enfiava o fato de banho e a avó desandava um belo estalo na indomável rais-te-parta-esse-cabelo-Marlene.

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