sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Do quase Natal fica a festa na escola. Mesas cheias, conversas com quem se conhece há já um ano. Música, dança...homens bebidos e mulheres eufóricas. Beijos nas despedidas.
Do quase Natal ficam as ruas cheias do Porto, a preparação da viagem de fim de ano, os últimos presentes, o telefonema da Chica comigo no Metro e com ela no Ikea. Do quase Natal, o 23 e as rabanadas no Majestic, as filas na Fnac e a temperatura a baixar.
Do quase Natal, a conversa que nos devolveu.
Do quase Natal, a família toda viva e um cachecol tricotado em lâ rosa, menos mensagens e mais afeto ainda que nem sempre dito: vocês andam todos por cá.
Do quase Natal, até ao Natal e que para o ano o quase seja tão bom como este.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pontos de vista

Mãe: o carro está impecável e não precisa de nada, ainda há dias fez a revisão.

Irmã: o carro deve estar fixe, vou levá-lo à Inspecção e logo se vê se passa. Nem oiço barulhos nenhuns nem nada...

Mecânico (em choque): Andam a ver se se matam, a andarem num carro assim? Já viu o estado em que isto está? Sem pinga de óleo? Com a suspensão neste estado? Com os travões presos?!

Moral da estória: amortecedores novos, rolamentos de roda novos, braços de suspensão novos, mudança, digo, colocação de óleo, mudança de filtros, mudança de travões, limpeza (talvez desinfestação) do interior...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal

José Afonso.

Se afastarmos as cortinas panfletárias para melhor apreciar a obra deste professor de liceu, se o isolarmos da época a que, para o melhor e para o pior, ficará irremediavelmente associado, e se formos justos, então é fácil concluir que estamos perante um dos maiores da música e da palavra no nosso idioma.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal

Auto-estradas.

Enquanto a grande teta europeia vertia milhões foi estender tapetes de alcatrão à vara larga. A viagem que nos anos 80 durava 8 horas é possível fazer agora em 3 ou 4 e tudo isto em apenas 20 anos. Quem diz que em Portugal "as estradas são más" (e muitos dizem) devia conduzir mais vezes fora do país.

Uma barraca com TV de plasma continua a ser uma barraca. Mas com TV de plasma!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Feliz Natal

E não se esqueçam de enviar postais aos que mais gostam.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte I

**
Eu sou fã do Harry Potter, e assumo as consequências podem gozar à vontade, mas este filme não me encheu as medidas.
Não gostei que acabasse a meio, eu sabia que era só a primeira parte mas não tinha processado a informação.
Saí da sala desconsolada.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Rede Social

***

Cela 211

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E eu por norma entedio-me em filmes de acção, neste garanto que não terão um minuto de tédio. Viva o cinema europeu.

Slogan

Se queres foder a SIDA usa preservativo.
Fui eu que inventei mas se a Abraço quiser usar em outdoors enormes e televisão e tudo e tudo, por uma causa tão nobre eu vendo os direitos de autor a preço de amigo.
Se eu soubesse fazer animação até fazia uma curta a ilustrar o conceito.
Dêem-me tempo.

domingo, 28 de novembro de 2010

Grande Exposição do Ano em Serralves

Serralves num dia de sol é um presente embrulhado pelos Deuses. Num dia de chuva também, mas o sol…o sol, já se sabe… é o ópio dos dias frios de Inverno. Serralves num dia de sol e a exposição “Às artes, cidadãos!”. Uma visita guiada pelas obras de vários artistas nascidos depois de 1961. Arte contemporânea e para uma leiga como eu, um deslumbramento constante e um questionamento permanente sobre a história, sobre a política, sobre a cidadania, sobre o Mundo, os Homens. Comovo-me e questiono, e julgo que grande parte do objectivo de todas aquelas instalações está cumprido e conseguido. Pensamos e ficamos a pensar. Tenham curiosidade e vão. Levem os filhos se os tiverem. Namorem, conversem, observem. Tomem um café n esplanada com vista para os jardins e regressem a casa e a vós mais ricos. Eu fui e vou voltar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal - Só a aquecer

Sol, Costa Vicentina, Sérgio Godinho, Madeira com as espetadas o bolo do caco e o milho frito, Zeca Afonso, José Mário Branco, Sintra, Saramago, António Lobo Antunes, açorda e migas, as festas das aldeias, pastéis de belém e pastéis de nata no geral, Planeta Tangerina, Circolando, Pedro Mexia, o Alentejo, João César Monteiro, Manoel de Oliveira, as feiras do Norte, para mim e para o Zé as férias no Norte, Fausto, mar, esplanadas, Vergílio Ferreira, os santos populares, as sardinhas, o pão, a simpatia pelas crianças dos outros, Carlos Paredes, as tascas, o vinho, as vindimas, os miradouros de Lisboa, a Arrábida, pão de ló, as castanhas na rua, a melancolia.

Workstation

Vilma, perfeitamente indiferente ao que a rodeia.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Deve ser Inverno

Hoje ainda eram cinco da tarde e já era de noite. Um horror. Hoje apercebi-me que ao respirar deitava fumo pela boca, dentro de casa. Hoje enquanto falava com o meu pai ao telefone e ele me perguntava se eu estava a andar, quando na realidade eu estava sentada no sofá, apercebi-me que há semanas que ando ranhosa e consequentemente com dificuldades em respirar. Ainda não foi hoje que lavei a roupa que está há dias na máquina, à espera de um dia de sol em que a possa estender. Todos os dias tenho lamentado o facto de ainda não ter ido buscar a casa da minha mãe o aquecedor que lá foi passar as férias de Verão. Há dias que fico com os pés e as mãos gelados enquanto estou no computador. Ontem não reparei em nenhuma destas coisas porque a parte boa é que só é Inverno de segunda a sexta, e sexta menos um bocadinho. Menos porque sei que ao fim do dia o vou buscar à estação de comboios e deixa de estar frio, dentro de casa fica mesmo um calorzinho que deixa os vidros embaciados e os pés quentinhos, não me apercebo que já é de noite, porque não importa, fico com as vias respiratórias desobstruídas, e o trabalho ou o que quer que me afaste temporariamente de casa é uma interrupção rapidamente esquecida porque não faz parte do programa. O programa pode ser tão simples como ficar em casa a ver filmes, comer comidinhas boas e sonhar com um futuro com menos viagens de comboio e mais dias de calor mas é certamente o melhor remédio contra as hostilidades do Inverno.

José e Pilar

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Lindo
(e português!)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal

Praias.
Old school: anos 80.
Ainda mais old school: 1942. Nesta altura a costa alentejana só tinha duas praias assinaladas, o que deve ajudar a explicar o facto de ainda hoje existirem praias desertas na Costa Vicentina, mesmo no Verão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal

Depois do último post a homenagem era inevitável. Long Live MEC!
(gosto de pensar que a foto foi tirada pela câmara do pc enquanto lia o 21h21m)

Contra o nacional-pessimismo, coisas boas de Portugal

...ou como se ganha fôlego para cá andar apesar dos pesares. E ainda se pisca o olho ao Miguel Esteves Cardoso que sempre soube tão bem gostar e fazer-nos gostar deste país porreiríssimo, que existe mesmo!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Da infância

Houve um tempo glorioso na minha família materna, pródigo de emoção, tragédia e fervilhares. Num espaço de tempo que não me parece muito extenso, a tia Emilia casou em segundas núpcias com o tio Vale, o primo Félix teve um acidente de moto e ficou comatoso para lá de um mês, a tia mais nova engravidou ainda solteira e a tia-avó Felicidade arrumou as trouxas e rumou por iniciativa a um lar recém inaugurado no centro da cidade.
Ora, nesse tempo, eu e o primo, partilhávamos a idade, uns 11 ou 12 anos, e uma tendência para a demência que escapava aos mais incautos, mas que se notava um bocadinho caso reparassem em nós com mais atenção. O que é mais maravilhoso é que dada a quantidade de emoções que se viviam naquela época, toda a família deixou de reparar em nós e podemos desenvolver a nossa dupla Bonnie and Clyde com todo o seu esplendor. E se, nos primeiros tempos nos bastava irromper pelo lar de terceira idade e pescar todos os peixes dos aquários das salas de costura e pintura dos velhotes, levando-os à loucura e a tentativas várias de suborno com rebuçados de mentol que cheiravam a queijo, com o passar dos anos evoluímos para actividades mais refinadas. De todas a que recordo com mais emoção eram as tardes de domingo, em que as mulheres se reuniam em casa da avó, ora para rezar pelo primo em coma, ora para dizerem mal do tio Vale entrado na família com fortuna mas com maus modos, não tendo nunca conquistado a família. Ora, nesse tempo, dizia eu, descobri o prazer da poesia e o primo descobriu o prazer de disparar com uma espingarda de pressão contra as vacas do senhor Maia, o latifundiário lá do sítio. Comungávamos esses pequenos prazeres, eu de caderno nos joelhos, a rimar tristeza com avareza e alegria com nostalgia e ele a gritar a cada dois minutos: olha a puta da vaca, já se fodeu. Nunca ninguém se preocupou connosco, as vacas sobreviveram todas, os cadernos de poesia arderam e ainda hoje acredito que, nunca ninguém descobriu que esse tempo mágico, fez parte das nossas vidas.

Foi Assim que Ontem Fiquei Cinco Euros Mais Pobre

Fomos à Culturgest, essa casa da cultura, ver a peça Inferno de August Strindberg encenada pela Mónica Calle.

Antes de começar vem um tipo pedir para desligar os telefones, pedir desculpa mas que hoje não vai haver tempo para conversas após o espectáculo pois é dia de desmontar, e dizer (ou avisar) que a peça tem duas horas e meia sem intervalo mas se quisermos podemos sair e voltar a entrar.

Aqui tive vontade de rir pela primeira vez mas nada de especial. Tipo "Estamos aqui a trabalhar para criar este espectáculo mas podem bazar e voltar na boa, a malta não leva a mal, não nos apeteceu fazer intervalo que a malta não ganha à hora e quer é ir cedo para casa."

Depois aquilo começa, seca, as "actrizes" a debitar texto e a primeira engana-se. Em vez de disfarçar e deixar como tinha dito não, corrige. A minha companhia manda logo um risinho mas eu achei que pronto, são coisas que acontecem.

Isto aconteceria mais umas vezes mas entretanto eu adormeci.

Acordo passados uns minutos e já passou uma hora de peça. Uma "actriz" atira-se para o chão, levanta a cabecinha e começa a debitar texto. A minha companhia começa a tentar conter o riso e eu ainda a tentar manter a compostura "Então man?" E aí há uma segunda senhora que se atira, a palavra certa é MERGULHA porque como o palco estava coberto de folhas secas ela desliza um pouco desamparada mas recompõe-se, levanta a cabeça e diz o texto muito séria. Ao meu lado ele desmancha-se a rir, eu começo a apertar o nariz para não fazer barulho e parecemos dois gatos a miar baixinho "miiiii miiiii" e as lágrimas escorrem-nos pelo rosto. Ele não aguenta e diz "Tenho de sair, até já"

Sabem como estas coisas são, fica-se ali sozinho a lembrar do episódio e não conseguimos parar de rir, estou eu com imensa dificuldade (senhor ao lado muito sério a detestar-nos) e há uma terceira que mergulha. Não dá senhores, tive de sair da sala literalmente a correr com a assistente de sala a apontar para as escadas com a lanterninha e cá fora rir rir rir até mandar aquilo tudo para fora.

Foi assim...

Incultos de merda é o que nós somos.

Nós e as pessoas que estavam cá fora a gozar também.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Viagens na terra dos outros I

Fizemos anos no dia 5. Parabéns para nós...tipo Mr. Been que enviava postais para ele mesmo na época natalícia. Enfim, nestes primeiros 12 meses, fomos recebendo as visitas dos amigos, namorados, pais, amigos, amigos, pais, namorados... e nunca pagamos a nenhum deles. Foi tudo muito livre e espontaneo como se quer. Depois, diz aquela coisa ali ao lado, que houve mais gente a passar por aqui. Pessoalmente, agradeço à Bípede que é a única que se manifesta. Ainda assim, enternece-me a pessoa lá da Suécia que cá vem parar assiduamente. Para o nosso/a anonimo/a sueco/a, fica este postalzinho e a malta agradece.

Viagens na minha terra I

Fui à capital do móvel num dia da outra semana. A capital do móvel é, como todos sabem, Paços de Ferreira, e perdoem-me todos os Pacenses que nos lêem (ninguém me tira da ideia que são às carradas), Paços de Ferreira, dizia, é medonho. O caminho feito pelo meio de aldeolas é medonho e tudo em mim ressuscitou aquela Primavera em que, os tios, a caminho de Paços de Ferreira, resolveram parar no Cô e ir à feira. Ora, na feira do Cô, entre muitas coisas vendiam-se porcos e os tios, que mais tarde haveriam de fazer fortuna com o têxtil, eram naquele tempo um casal ainda dividido entre a quietude rural e o bulício de uma cidade veraneia onde tinham comprado o primeiro apartamento. Ora, nessa paragem, estimulado pela ideia da tia, de que a carne do porco, criada em casa, seria muito mais saudável, o tio puxou de uma manada de notas e comprou um porco. Ora, toda a gente sabe que os porcos, não chegam sozinhos a casa e se os queremos lá, temos que os levar. E se a tia queria um porco, não queria que o porco viajasse connosco no carro. Nesse tempo não havia telemóveis e ficou então apalavrado que o tio mandaria alguém à casa do produtor para resgatar o bicho uns dias mais tarde. Coube a viagem ao Batata, o empregado da fábrica, que recebia por motorista, mas incluía no currículo muitas outras actividades. Ora, nessa Primavera em que o Batata subiu novamente ao Cô, eu e o primo subimos com ele. Foi uma viagem calma, o Batata conduzia suavemente pelas estradas solarengas e nós espancávamo-nos à vez no banco de trás de uma carrinha, cuja marca já não me recordo. Resgatado o porco, percebemos, eu e o primo, que na mala o bicho não resistiria muito tempo. Ainda jovens, mas já imbuídos de um espírito humanista que nos acompanha até hoje, convencemos o Batata, a meter o porco no banco de trás da carrinha, ao nosso lado. Seguraríamos o animal nos 20 e poucos quilómetros que nos separavam de casa. Prometemos ao Batata e o Batata, burro, acreditou em nós. Claro que na primeira curva, o primo inclinou-se para o meu lado, eu inclinei-me para o lado dele, largamos o porco e continuamos a brincadeira até à entrada da cidade, altura em que o bicho, farto da curva e contra curva, decidiu mudar de assento, trepou o banco da frente e assim entramos gloriosos na pequena cidade, com o Batata ao volante e o porco no lugar do pendura. Ia contar-vos que não gosto nada de Paços de Ferreira, mas entretanto também já não me apetece.

A Rede Social

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É um excelente filme sobre a criação dum grande fenómeno.
We lived in farms, then we lived in cities, and now we're gonna live on the Internet!
[Sean Parker, inventor do Napster, sócio do Facebook]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Postal Piroso

Com as rosas monhês que me deste.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um dos quatro de Liverpool

Tenho uma colega, que nos idos anos 80 veio da Madeira, mas ainda conserva um bocadinho de sotaque. Tenho uma colega (a mesma) que demora cerca de 3 minutos a acabar cada frase, arrastada e com sotaque da Madeira. Tenho uma colega (ainda a mesma) que usa pandémicas combinações de preto com vermelho e bolas e branco e vermelho e bolas e amarelo torrado e bolas e flores no cabelo e bolas e que demora cerca de 3 minutos a arrastar uma frase, humilhando o seu sotaque da Madeira. Tenho essa colega e ambas temos um aluno chamado Paul. Ora num destes dias em que o Paul faltou e eu perguntei à turma o que era feito do Paul, a miúda da frente muito indignada, comentou que essa, a colega das frases arrastadas e das bolas estonteantes, chama piscina ao miúdo. Estremeci e repeti: piscina?. "Sim, professora, a professora de História, diz-lhe: pool, queres ler, pooool?!". E agora, por tudo e mais alguma coisa, não consigo portar-me séria quando olho para a colega e para o miúdo-piscina.

Pela ponta dos dedos é que vamos

No final de jantar, já noite adiantada e bem bebida, achei por acaso um piano encostado ao fundo da sala. Um piano anónimo e discreto, desafinado, disse-me também ele, assim que lhe pousou os dedos. Ele. Ele sentou-se então depois e havia muito burburinho na sala. Ninguém o anunciou. Eu pedi e ele sorriu. Tocou. As vozes foram baixando e os olhares erguendo. Os nossos, alguns que não desconfiavam que a música lhe dá o pão e ele lhe dá a alma em troca, aproximaram-se. O dono do restaurante aproximou-se. Sentamo-nos mudos e imóveis. Aos homens, a alguns, vi o pêlo escuro dos braços levantar-se trémulo como uma seara ao vento. Eu senti água, abruptamente água a inundar-me os olhos. Ele, tocou quatro músicas de enfiada, num restaurante mediocre perdido no meio do nada. Era meia noite e tenho a certeza de que, por alguns momentos, o mundo parou ali mesmo e nós deixamos de saber quem eramos e onde estavamos.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fiz um Desenho Muito Lindo

Para a chafarica do lado, façam favor de ir lá visitar e apreciar.
Carreguem na imagem, vá!
O menino também escreve com graça e eu gosto tanto dele que diria isto mesmo que o blogue fosse péssimo, mas assim nem me custa nada.
Confirmem por vocês mesmos!

"I Love Your Everything"

Para o santo de serviço. Que seja um serviço permanente e vitalício.

(Pensavam que eu não ía entrar na competição meus queridos?

Pois é, também sou uma Mulher Rica.)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Conceito de Artista Emergente

É que se a palavra conceito já está gasta como as entrepernas de umas calças muito usadas a palavra emergente já só dá vontade de submergir à força de muita paulada.
Há por aí gente farta da palavra conceito, e eu até compreendo que seja chato estar sempre a ouvir a mesma coisa, mas arranjem lá palavras melhores: ideia? , não é melhor.
Agora emergente já não se aguenta! É que ainda ninguém me conseguiu explicar exactamente o que é que quer dizer.
É um conceito muito abstracto suponho, baseado numa previsão de algo que nunca chega realmente a acontecer. Convenhamos, a maior parte dos artistas emergentes têm nesse título o expoente máximo da sua carreira e depois voltam à submersão até que nos esquecemos deles para sempre.
Porque é que não são só Artistas, emersos ou submersos? Não é mais justo para todos?
É uma questão de marketing? Um emergente dá aquele ar de que vai valorizar, comprem agora que é barato? Está num caminho de ascensão? Quem lhes atribui os títulos não sabe realmente onde vão chegar, sabe apenas que está a falar de alguém que ainda está muito verde e muito pobre e muito em casa dos pais ou na mesada dos pais e num atelier muito ranhoso para ser considerado emerso.
Como não podemos prever o Futuro, não nos venham com essa.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma mulher rica

Uma mulher rica terá um jantar com quem gosta no sábado. Matar saudades é o único homicídio que jamais dará cadeia e ainda causa um bem danado à alma. Uma mulher rica acordará com sol no domingo. Encontrará o E. à porta da Casa da Música, por entre vento e cabelos revolvidos. Um café no Bar dos Artistas. Uma caminhada a pé pelas ruas. A entrada numa casa de onde se vê o céu e o horizonte. Italiano como língua servida ao café. De dois passam a quatro e há estrada. Uma mulher rica há-de percorrer quilómetros. Parar em Vila Real, comer pastéis da terra e voltar ao caminho. Há-de ver o Douro lá de cima, submisso e ainda assim íntegro e inteiro. Chegará a meio da tarde a uma Vila com um nome que se lhe entrança no corpo e estremece, como as folhas do Outono que desmaiam: Vila da Rua. Em Vila da Rua, pelas cinco da tarde, haverá música clássica numa igreja, tocada por eles, para um povo que a encheu de curiosidade e de espanto. Um frio de Inverno a cair com a noite e uma mulher rica a sentar-se à mesa e a beber Porto. A sentar-se à mesa e a comer carne tenra com centímetros de altura. A sentar-se à mesa e a falar de Aquilino. Uma mulher rica há-de voltar pela estrada escura. Estarão a cantar quando…a mulher rica, começa a ficar pobre e de pobre, passa a ser uma mulher à beira de um ataque de nervos. O sinal de falta de combustível apitou e nessa altura, a ainda mulher rica, olhou-o e perguntou se ele não quereria abastecer. Não quis. Era tarde e estavam quase a chegar. Exagero da mulher rica. A 5 quilómetros de casa, o Touro, tão carinhosamente tratado pelo dono, engasgou-se e depois de se engasgar, o Touro parou. Simplesmente. Parou ao pé de uma raia que apanhava a bifurcação de uma entrada. Os homens saíram para a a noite e telefonaram. A mulher rica e a mulher italiana trocaram opiniões sobre o insólito. Meia hora e a ajuda possível era cara e a barata não parecia estar possível. Uma da manha marcava o relógio, quando a outrora mulher rica viu a gasolina ser introduzida no Touro e o Touro, bom o Touro nem se mexeu. Faltava-lhe bateria. Por razões que só o dono e o Touro conhecem, havia cabos na mala e um carro, o mesmo que trouxera o combustível, a servir de coração. O Touro ressuscitou. A mulher acalmou-se lá pela uma e meia da manha trémula pelo frio descomunal na A1. Chegou a casa pobrezinha como a noite, exausta também e com a leve sensação de que, de um minuto para o outro, se pode perder irremediavelmente uma fortuna.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um Homem Rico

Sexta Feira: jantar em Lisboa, despedida dum amigo que vai trabalhar para o Perú. A seguir uma festa em Sintra até à madrugada.

Sábado: acordar em Lisboa e arrancar logo para Azeitão com a S. para ir buscar a A. à equitação, deixá-la a tratar de si em Lisboa (coisas de mulher) enquanto vou a casa da Chica pôr a Vilma a passear. Apanhar a A. de volta, almoçar com elas em casa do J. e família e à tarde uma visita a uma instituição em S. João da Talha daquelas que poderemos vir a habitar quando o sweet bird of youth deixar de voar (família oblige). Retorno a Lisboa para apanhar a Vilma, depois rumo a Setúbal para deixá-la em casa e preparar para ir jantar a casa do M. em Alcochete com as minhas miúdas e os amigos de sempre. D. quer ir andar de mota na manhã seguinte (como em todas as manhãs de Domingo) mas eu digo que não me vou conseguir levantar e que por isso não vou. Sou insultado. As castanhas estavam óptimas, regresso a Setúbal de madrugada, M. e A. a dormirem no banco de trás.

Domingo: acordar em Setúbal. Faltei ao passeio matinal de mota (D. faz questão de me insultar via sms: diz-me, em 3 palavras, que estou a ficar um me-ni-no) vou passear a Vilma com a M., almoço com elas e de seguida arrancamos para Lisboa para ir ver uma exposição com uma data de amigos novos. Pastéis de Belém, piquenique no jardim, 25 ºC e um Sol firme em pleno Outono. Regressamos a Setúbal, jantamos, filme com S., adormecer exausto no sofá.

Diz-se que o tempo é a maior das riquezas que se pode ter. Eu, que tenho pouquíssimo e ainda por cima tenho de dividi-lo com elas, com os amigos e com a família, sinto-me um homem rico. Mas não é rico tipo Quinta da Marinha, é rico tipo Top 5 da Forbes.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tempos Desesperados Exigem Medidas Desesperadas

Pensavam que eu me ía pôr aqui a discorrer sobre as medidas de austeridade do governo? Pois, mas não, vinha só lamentar-me por não ter chocolate em casa e ter de andar a comer nesquik à colherada.
Tenham um bom fim-de-semana, compensadinhos de açúcar e cacau.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Disparar Em Todas As Direcções

O homem que manda piropos pertence a um tipo de homens muito específico que gostam de mulheres de grupos não muito específicos.

Já Que Estamos Numa de Gourmandises

Querida Nestlé que fazes os deliciosos Clusters de Amêndoas:
Para quando uns Clusters ainda mais deliciosos apenas com os queridos crocantes de amêndoas e os fofinhos pedaços de amêndoas?
Ficamos à espera.
Obrigada

Nutella: sempre a fazer do mundo um lugar melhor

domingo, 10 de outubro de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

Ainda Vim A Tempo

Esta fotografia foi tirada por Annie Leibovitz, a mesma que faz as capas mais bonitas da Vanity Fair.
Ele foi assassinado horas depois, e embora se diga por aí, mais coisa menos coisa, que "A Yoko Ono tem um ar frio e distante e ele todo entrega, e coitadinho do John vítima daquela cabra manipuladora", eu penso em vez disso que ela está com um ar triste, por antecipação.
Gosto muito deste amor.
A mediatização faz com que acontecimentos reais nos cheguem quase como ficção, e assim passamos pelo Drama como se fosse mais uma cena de novela.
É um mal necessário suponho, se eu sofresse cada vez que há catástrofes mais ou menos naturais a matarem milhares, tinha de me mudar para a Serra da Estrela e passar os dias a pastar com um rebanho de bichos bem peludos em vez de ver televisão.
Não sei qual é o critério que me deixa perfeitamente indiferente ao sismo de Sichuan em 2008 que matou muitas mil pessoas e levou muitos filhos únicos e toda amarfanhada com os trinta mineiros do Chile, ou com estes dois, John Lennon e Yoko Ono.
Talvez dependa da altura do mês.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme

***
Recordo-me vagamento do Wall Street de 1987 (greed is good, lembram-se?) onde surge o investidor Gordon Gekko: o rosto da ganância desmesurada. Oliver Stone, realizador de ambas as películas, queria que pudéssemos ver este filme como sequela do primeiro, mas também enquanto obra independente e capaz de sobreviver sozinha. Conseguiu. Este filme é mais leve no conteúdo já que essencialmente trata um drama familiar mas é pesado no pano de fundo (a catástrofe económica ainda se faz sentir...) e, por isso, menos forte que o primeiro de 1987. Tem o condão de confirmar Oliver Stone como o grande cronista da história recente dos EUA. E tem o Gordon Gekko, e só por isso merece ser visto.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eat Pray Love

***
Sábado à noite, arredores, centro comercial, cinema Lusomundo, pipocas, refrigerantes.
É como saír para dançar, mete um bocado de medo mas de vez em quando é preciso.
Esta cerejinha também entra no filme, e embora não seja nenhuma obra-prima eu saí de lá sorridente e durante a viagem de carro até casa não alimentei a minha ruga de estimação.

Namorar Com Gajos das Bandas

Há mulheres que adoram.
A minha querida amiga Carolina garante que existe uma espécie por aí chamada Maria Partitura. Não percebo.
O meu namorado tem uma relação com a banda e dá umas voltas comigo.
E é basicamente isso.
Hoje recebi uma mensagem a dizer que os dias de férias que ele tinha dito que ía tirar para estar comigo afinal vão ter de ser adiados. Porquê? Tinha-se esquecido que vai ter um concerto nessa altura.
Quando o confronto com o facto de ele ter um caso com a banda, ele responde:
"Tu sabes que é de ti que eu gosto."
E faz-se luz, percebo finalmente que é comigo que ele está a ter um caso.
Não é o que eles dizem a todas as amantes?
"É de ti que eu gosto mas estou com ela há anos, não a consigo largar..."

Numa Actividade Com Crianças

-Alguém aqui sabe o que é o magusto?
mãozinha dum Guilherme no ar:
-Eu não sei o que é o magusto mas sei o que é uma lagosta.
o colega do lado confirma e acrescenta:
- Eu não gosto de lagostas mas gosto de lagostins.

domingo, 3 de outubro de 2010

Já não há estrelas no céu

Os 15 anos devem ser a idade mais estúpida na vida de um pessoa. Lembro-me vaga e vergonhosamente dos meus. Hoje, assisto mais ou menos impávida aos 15 anos a entrarem nas salas de aula pela manha e a saírem das salas de aula pela tardinha. 15 anos sozinhos e acabrunhados, 15 anos malcriados, 15 anos embrenhados noutros 15 anos. 15 nos cheios de dúvidas. 15 anos que sonham. Á Rita os 15 anos, custam consultas de peudo psiquiatria em Coimbra e uma corcunda que permanecerá ali até aos 80. A Rita não ergue as costas e não abre a boca nas aulas. No outro dia falou, era o 5, porque é Ana para além de Rita e foi o número que disse à sorte para que alguém respondesse à questão.Foi um conter de nervos e de pena. A Rita a querer falar…a voz a não sair. 15 anos a hipotecarem uma vida. A Helena e o João, embrenharam os 15 anos um no outro a ela convenceu-se que tem 30. Olhos muito pintados, cabelo liso, blusas de leopardo e calças à vamp. Os 15 anos soltam-se, de quando em vez, quando me puxa pela blusa para que a ajude numa questão. Faz uma boquinha de 5. Enerva-me. Baixo-me, dou um encontrão aos outros 15 anos que se aninham ao lado dela e cuja voz ainda não se fez também ouvir. Depois há as outras, aquelas que se sentam juntas. Uma que chama porca à outra. A outra que diz não se importar. Importo-me eu, sai-me num berro que as estremece. Reparo que os 15 anos são mais irritantes nelas. Eles são uns bebezões roucos e com pêlos encravados. Lambuzam uma miúda enquanto pensam no jogo da bola de final da tarde. Se elas os deixam alguns morrem por algumas horas, até entrarem em campo, plenos de preto e branco, com o Vitória como salvação. Fazem-me falta os rapazes, os meus, do ano passado. Diziam-me que um dia haveria saudades. Pois há. Já se perfumavam e faziam a barba. Olhavam-me para as pernas quando me sentava na borda da mesa e alguns coravam. Insultavam-se com virilidade e viviam num mundo paralelo onde comiam sopa de órgãos e Jesus nascia da maçã que a Eva comeu. Tinham 18 anos e carta de condução. Ainda por lá andam. Depois da doença de um colega, couberam a outro que pouco mais anos tem do que eles. O primeiro ano a dar aulas. Sai da sala deles corado, olhos desorbitados e numa frase deriva a palavra complicado, complicada, complicações. Não sei se escapará ao psicólogo de Coimbra. Os pêlos ainda não desencravaram todos e a semana passada, no parque de estacionamento, depois de ter derivado com ele a palavra calma, acalmar,calmaria, despediu-se de mim, com dois beijos fervorosos na cara, como quem beija uma santa aos pés de um altar.

sábado, 2 de outubro de 2010

No Post Abaixo o Zé Moderou-se

Quando falou comigo sobre o Contraluz a conversa foi mais como esta:
"Uma merda"
Chica "Mas o trailer até é fixe, aquela cena do GPS está engraçada"
"Essa cena acontece aos 5min de filme, a partir daí é uma merda e tem música dos Santos e Pecadores"
Chica - arrepiada com a banda sonora mas não a ponto de largar a ideia -"Então e a promoção do António Feio?"
"Pá, ele deviam ser amigos e como o António estava a morrer tanto lhe fazia por isso fez-lhe o favor"

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Contraluz

Aproveitam-se o Joaquim de Almeida e o trailer. Mais nada. Os antigos referiam-se ao que era mesmo bom como "isto vem de fora, do estrangeiro", ou seja, acreditavam que de cá não sai nada de jeito (e às tantas...). Fernando Fragata, manhoso, foi filmar para os EUA a ver se nos enganava: assim o filme "vem de fora". Querer ser moderno = provincianismo ao contrário. Será que por cá ninguém acredita em boas histórias? Em filmes simples? Já viram o cinema espanhol, brasileiro, francês, mexicano, argentino?!... Será que os realizadores tugas são como os concorrentes do Ídolos, que não têm amigos que os chamem à realidade e lhes digam o que eles andam realmente a fazer?

Um Profeta

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Chamem-me perdulário por distribuir tanta estrela no mesmo dia mas este também é um filme excepcional. Quase sempre filmado numa prisão, o filme vive do argumento e dos actores que é como um bom filme deve ser. Quando emoldurado por imagens e planos competentes, torna-se excelente. Outra vez: porque é que não fazemos filmes assim?

O Segredo dos Seus Olhos

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Óptimo argumento (e simples), excelentes actores, óptima realização. Five stars, concerteza. Porque é que não fazemos filmes assim?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Chica Loves Um Optimista

Apercebi-me agora, ao reler uma mensagem, que o meu namorado escreveu "próximos anos" referindo-se a nós.
Vá, não foi bem assim toma lá, que eu tinha percebido logo.
Foi subtil, mas está lá: "lista que nos vai acompanhar nos próximos anos"
E ele é tão giro.

500 Days of Summer

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Finalmente vimos o filme de que toda a gente fala.
Muito giro, percebe-se o falatório, referências da moda atrás de referências da moda, indie que tresanda.
Casalinho lindo.
Adorámos.
Falo no plural, sim, porque a ver filmes contigo todos os dias são dias de Verão.
A janela da cozinha não pára de bater, é esta janela aberta que faz corrente de ar, faz de propósito para me irritar.
O prédio da frente nunca mais está pronto, obras todos os dias, martelar e martelar, ou pior, as serras de cortar azulejos ou lá o que é isto agora mesmo enquanto escrevo, o barulho irrita a cadela do lado que ladra todo o dia, ou então não gosta de ter gajos mal vestidos e mal cheirosos em cima dum andaime a dois passos do terraço dela, toda pedigree.
Vou passear a Vilma, vai ser a única oportunidade hoje para gozar do meu good hair day em público, olhem para mim tão gira a apanhar merda de cão com um saco de farmácia.
As vizinhas estão ainda mais velhas e passam os dias em casa, vão à janela fazer xiu à cadela de cinco em cinco minutos, na mercearia só se fala do ladrar dela.
Há três minutos atrás a D. Arminda foi pôr insecticida à janela e veio aquele cheiro venenoso todo pela minha casa adentro. A D. Anita chama-me nas escadas, comprou um kinder barritas para mim, que querida, oito barritas só para mim. O que vale é que ontem fiz sopa e uma coisa deve compensar a outra.
Liguei a televisão ontem na tvi, estava a dar uma novela em que havia um casal de homossexuais, um gajo e uma gaja a fazer de gajo, mas não se notava nada. O pai de um deles, muito intolerante, dizia que os ía ensinar a falar à homem, bem que ela precisava, coitada, e o pai fazia de cigano, e também estava muito bem caracterizado.
Vou dedicar-me muito à escola e começar a pintar a sério, é com este pensamento na cabeça que agarro no tangerine fatal da bourjois, o meu preferido, e pinto as unhas, d e d i c a d a m e n t e.

sábado, 25 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Non Ma Fille, Tu N'iras Pas Danser

Christophe Honoré 2009
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Depressivo