segunda-feira, 31 de maio de 2010

Do tempo que se faz a infância

Havia um tempo de acácias e de mar
Bainhas brancas lambendo a areia
Azul de olhos e azul de céu
Colos perfeitos como conchas
E havia um tempo em que eu cabia dentro desse tempo
Mãe era palavra quase única
e baloiços camas de embalar
Havia um tempo de acácias e de mar
Atrevido e doce como criança
Que cresceu, mas que ainda me acorda pelas manhas da vida
Solta as bainhas dos vestidos
Morde-me a languidez e pega-me pela mão
Rouba-me beijos e enrola-me os cabelos
Cheira a bocas vermelhas e a tenros arrozais
E diz-me menina e eu sei
Porque só eu sei que …
…houve um tempo de acácias e de mar.

domingo, 30 de maio de 2010

Hapiness Is A Warm Gun

E BLU

O homem que está a fazer o mundo esquecer-se do Banksy

Passei no outro dia na Avenida da Républica, de carro e com pressa por isso não meto a mão no fogo por esta informação, mas pareceu-me ver uma fachada pintada por ele, ou então por um admirador.

Mini-Documentário

Estes tipos fazem a cena a sério.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Viver num Ovo

É bom porque:
  • limpa-se tudo num instante
  • sabe-se sempre onde está toda a gente
  • é "querido"
  • por este preço é o que se arranja sem levar com gente maluca, ou gente no geral, e sem ser nos arrabaldes
  • apanha-se rede wireless na casa toda com óptimo sinal
  • não é preciso mostrar a casa às pessoas, entram e vêem logo tudo

É mau porque:

  • para se ter tudo o que se precisa está tudo tão, mas tão bem arrumado, que depois quando se precisa das coisas das duas uma: ou não se encontra ou desfaz-se a casa na busca (foi este ponto que me trouxe a este post: eu sei que tenho umas borrachas quadradas perfeitas para gravar, e sei que tenho goivas também, mas onde?)
  • não há onde enfiar toda a roupa que uma mulher precisa e a que se tem está arrumada no registo do ponto acima
  • tem de se levar com o barulho da máquina de lavar roupa
  • não dá para amuar com alguém sem ter de levar com essa pessoa
  • não dá para fazer jantaradas
  • não dá para trabalhar em casa a não ser em formatos muito específicos e desarrumando tudo
  • não há banheira e uma vida só de duches é triste

Estes foram os que me ocorreram agora assim a despachar

Estes são os Air

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Run Run

Percebe-se que o final da lucidez está para breve quando convidamos UM colega para participar na Corrida da Mulher!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Momento Tózé do dia

Saio da escola às 5. Estourada. Uma fila de carros na estrada principal e um calor insuportável dentro do meu. Levo os vidros abertos e espero para entrar na fila. O Tózé vê-me e faz-me a pergunta sacramental:
"Professora, corrigiu os testes?"
Pergunta-me sempre isto, mesmo quando os testes feitos já foram corrigidos e entregues e depois ri muito, sozinho. Agora já me consigo rir também.
Digo-lhe que sim e pergunto-lhe se quer boleia, para onde vai e ele diz-me "ali para cima". Pois quer. Em menos de um minuto está dentro do carro e entramos para a fila.
"Então e depois para onde é que vais, para Guimarães?"
"A professora vai para Guimarães?"
"Vou, queres que te deixe no centro?"
"Não. A carrinha do clube vem-me buscar."
"Onde?"
"Á escola."
"Então...onde queres que te deixe?"
"Pode ser mesmo aqui, que agora tenho de ir a pé outra vez para a escola!!"
Tínhamos andado uns 200 metros... Ele a rir como um louco. Eu a estacionar o carro também perdida de riso.
"Ó puto, isso já só com internamento." - digo-lhe e ele a rir, a rir.
Pronto.Foi assim.

Vilma

Desde 2007 a fazer da Internet um lugar mais bonito.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

One, Two, Three, Four

Tell me that you love me more

Sleepless long nights

That is what my youth was for

[...]

Diários

Está um calor descomunal. A escola está em obras. Os pavilhoes provisórios são uns fornos. Há testes de electricidade a serem feitos nos pavilhões em obras. A luz está constantemente a ir abaixo. Pára o ar condicionado. Não há computadores para trabalharmos. Os miúdos saem cá para fora. Estamos há dois dias a dar "aulas" encostados ao único pavilhão que ainda não foi abaixo. Adoro o Verão!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Há 30 anos

Ian Curtis suicidou-se na sua casa, tinha apenas 23 anos. A sua banda tinha acabado de fazer um disco e iam partir no dia seguinte para a tournée nos EUA. Ian, que se debatia há algum tempo com a epilepsia e consequentes ataques, com um casamento irreflectido que gerara uma filha, e com os holofotes duma fama com a qual não sabia lidar, já não mandava na sua vida. Perdeu o controlo. New Order foi a fénix que se tornou numa experiência muito mais luminosa e vibrante e para onde vai toda a minha preferência pois sempre achei os Joy Division sombrios, pesados. A morte dum miúdo de 23 anos (que liderava a vanguarda da música com o seu grupo de amigos) é sempre chocante.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Diários

Estivemos uns com os outros no Domingo. Ontem, portanto. O primeiro sol depois de dias de chuva e frio. O primeiro sol, a seguir outro que já havia vindo, mas que se foi embora. Demorou tanto tempo para que o sol voltasse que me sabe sempre a primeiro, mesmo vindo depois. Como a família que está longe e de quem gostamos, como os amigos que estão longe e que nos fazem falta, como o amor que volta depois do depois. Há sempre qualquer coisa de primeiro, de início em cada instante e uma vontade louca de despertar ternura, de aprumamento. Ontem o sol voltou e eu vesti uns calções. Lancei-me assim para a rua, sem meias, com as pernas ainda demasiado claras, arrepiadas de frio e de vergonha logo que o vento se começou a cruzar comigo. Já não estou habituada a este vento que nos procura os ossos. O Norte é muito mais austero, mais frio, mais íntegro, mais íntimo. Pergunta-me sempre muitas coisas, o Norte, e ás vezes não me apetece responder a nenhuma delas. Ficamos sentados numa esplanada resguardada. Gente conhecida e gente que não se conhecia. Uma mãe. Ás vezes, quando ouço as mães dos outros, redescubro a sorte que tenho com a minha. Mãe é mãe, mas há umas mães melhores do que outras. O que as torna boas? Talvez o facto de as sentirmos nossas. Não, mas não ,mas não. É uma questão de sorte. Uma boa pessoa que um dia tem a graça de ser mãe. Alguém que nessa sorte tem sorte em nascer e de nascer dentro dela. Havia um cargueiro ao longe. Falou-se do lá fora que às vezes é longe, às vezes é perto. De Espanha e do Sócrates. Do Papa e da fé. Conversa sem acrescentos, banal como uma tarde de Domingo. Ideias feitas que nos cansam desfazer. Riso ainda assim, que é o que nos salva. Os meus joelhos doidos de frio. O vento a correr e o sol a pôr-se. Voltamos a casa, chegou um italiano. Fez-se massa para jantar. Bebi demais, custou-me horrores tomar a estrada e não adormecer dentro dela. O corpo ainda trémulo, cheio de frio. O sol a acordar comigo hoje e amanha prevê-se também. Cargueiros ao longe e nós. Nunca sabemos se queremos partir, se havemos de ficar. Sabemos que temos bênções. O sol. Uma mãe, que não é a mãe dos outros. É a nossa e ainda bem. O vinho, tão quente. E os joelhos, que apesar de frios, ainda se insinuam cheios de esperança ao Verão que há-de vir.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Do caraças...

  • Apareceram-me 100euros na conta e não sei de onde vieram; descobri pelas duas da tarde e desde então tenho revirado o meu 4 de Maio e ... nada. Não me lembro de ter bebido...se me pagaram alguma coisa...deve ter sido pelo menos bom...para alguém...
  • o Director da escola apareceu na favela ás 6 da tarde, bateu-me à porta da sala estava eu de cócoras a explicar umas coisas a uma miúda e só me lembrei: "oh cum caraças, a porcaria do vestido é mesmo curto...". Convidou-me para integrar o secretariado de exames da escola, coisa de grande responsabilidade, disse-me ... Espero que não haja nenhuma relação entre o vestido e o convite...
  • ando a ter formação até ás 10 da noite e amanha continua...se quiserem que disserte sobre a União Europeia, envergando um vestidinho curto, enviem-me mais 100 euros para a conta.
  • só me apetece dormir.
  • P.S Se não iniciarem o filão "Eu sou feliz..." tão prosaíco e bem comportado, terei de enverdar pelo filão do Zé e começar a contar ... daquela vez em que estimulei o professor brasileiro de Informática a utilizar o português quando dizia Option, só para o ouvir dizer "ó...pição"...

Dias felizes

Dias que são felizes, em que somos felizes, em que fazemos os outros felizes, onde conjugamos o verbo e o partilhamos. Fazem-me feliz os dias de sol. Faz-me feliz as manhas cedo e as manhas até à tarde. Faz-me feliz o Corneto de morango e o Epa com pastilha inteira no fim. Fazem-me feliz as fotografias da primária, as fotografias dos amigos, as fotografias dos pais jovens, as fotografias em que fico mesmo gira. As fotografias onde me dizem que estou gira. Fazem-me feliz os filmes com finais felizes. Faz-me feliz uma manha sem trânsito pela Marginal, por uma qualquer marginal. Faz-me feliz a primeira marca do biquini no Verão. Faz-me feliz a marmelada acabada de fazer. Faz-me feliz a roupa lavada na cama. Fazem-me feliz os beijos e os abraços. Fazem-me feliz postais vindos de longe e telefonemas inesperados. Fazem-me feliz a descolagem dos aviões. Fazem-me feliz as partidas e as chegadas. Faz-me feliz rir de mim, rir dos outros, rir com os outros. Fazem-me feliz alguns olhares, algumas palavras. Faz-me feliz o champanhe ou um Porto. Faz-me feliz chegar a Lisboa num dia de sol. Faz-me feliz chegar a casa depois de um dia de praia. Faz-me feliz encontrar alguma coisa que julgava perdida. Faz-me feliz o elogio da mãe. Faz-me feliz o orgulho do pai. Faz-me feliz o cheiro da relva cortada e um bolo acabado de fazer. Faz-me feliz adormecer sabendo que está tudo bem. Faz-me feliz um livro novo. Faz-me feliz um vestido novo. Fazem-me feliz o casamento dos outros, os aniversários dos outros, os encontros dos outro e os meus também, muitos.. Fazem-me feliz os baloiços, a plasticina, os rebuçados flocos de neve. Faz-me feliz o Natal. Faz-me feliz acordar com a sensação de que alguma coisa boa está para acontecer. Faz-me feliz o barulho da mensagem no telemóvel antes de adormecer. Faz-me feliz encontrar velhos amigos. Faz-me feliz fazer novos. Faz-me feliz gostar dos outros e que os outros gostem de mim. O que vos torna os dias felizes?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Parabéns

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.—
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio

Parabéns a Você

Presenteio-te com um post da brócula. Isso e um conselho. Não é para qualquer ocasião, hein?

Comi Uma Bola de Pêlo

cof

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Aparentemente também gosta muito da Clara

Mais uma destas e vamos para o Inferno na camioneta da carreira!!

Para Uma Semana De Enlevo Espiritual

O que eu mais gosto na religião católica é o sentido de Pop.
Palcos, ecrãs gigantes, música, indumentária, jóias, dourados, fluorescentes, encenações detalhadas.
Enfim, é todo um programa estético que me agrada muito.
A mim, à Madonna e à multidão que foi ver o espectáculo ontem, com certeza.
Nem vamos falar de Arte Sacra, tantos santos lindos e musculados em êxtase é coisa para aumentar os níveis de humidade, e com tanto católico no mundo a juntar aos apreciadores de arte é coisinha para provocar mesmo uma alteração climática ainda mais rápida do que a que nos vaticinou Al Gore.
Deixemo-nos então entretidos com o Papa e esqueçamos a Arte.
Vá, não fiquem tristes, deixo um apontamento:

(pormenor)

O Êxtase de Santa Teresa, Bernini, 1645 - 1652

E pronto, é uma seta de amor divino que a trespassa no coração - no coração pois claro, ora sigam a trajectória da seta - que lhe preenche o vazio, que a faz sentir uns "acessos de morte" nos quais prazer e dor se confundem até fazê-la desfalecer de emoção e depois acordar rejuvenescida.

Opá, já vivi esse tipo de experiência mística mais do que uma vez na vida, aparentemente Deus gosta mais de mim do que de ti ó Teresa.

Uma aventura na Escola

A experiência, e começa já a ser alguma, mostra-me que, num ano de trabalho, num ano de 200 alunos, é relativamente fácil criarmos empatia com alguns. Acontece sempre: a turma péssima, onde três ou quatro nos fazem recuar na tentação de cortar os pulsos sempre que temos de entrar numa sala e com eles partilhar os 90 minuto seguintes. Mas mostra-me também a experiência, e começa, repito a ser já alguma, que é quase um milagre, criarmos empatia com uma turma inteira. Mais ou menos como um grande amor, mas em colectivo! Vontade de ir, vontade de estar. Nós a sermos mais do que profissionais do ensino (nunca sou, sou sempre uma pessoa cuja profissão é ser professora), sem nunca deixarmos de ensinar de uma forma, que tenta pelo menos, ser o mais profissional possível. Aconteceu-me, há dois anos numa escola no Montijo, está a acontecer-me este ano, com a turma do Tózé….que não é só a turma do Tózé, é a turma do João, do Nuno, da Alicia e da Filipa, do Adriano e do Zé Pedro, da Liliana e do Zé Carlos… são 16 alunos de uma turma de Economia, que três vezes por semana se desmembra: 11 vão para História e 16 para Geografia. Desde as primeiras aulas que se sente. É uma cumplicidade que começa num silêncio: habitualmente turmas caladas, miúdos silenciosos e atentos que nos estudam e lentamente começam a perceber até onde podem ir e como o podem fazer. Entro ás terças-feiras e tenho-os na 1.11. Das dezenas terças-feiras de chuva que este Inverno nos castigaram, não houve uma única em que o riso não se tivesse instalado, em que eu não tivesse ameaçado o João, por ele não querer fazer nada e ele não me tivesse dito: “Professora, olhe que eu vou para História!, a professora tá sempre a fazer bullyng comigo”. As turmas são feitas de pessoas e o cruzamento entre elas, a convivência pacífica e o espírito de camaradagem são fenómenos inexplicáveis: ou se criam ou não. E para que se criem julgo que muito contribui o sentido de humor: nunca fui feliz com quem não soube rir comigo, e com os alunos não é excepção. Ás vezes perguntam-me se gosto de dar aulas. Digo-lhes sempre que não, porque é verdade, mas ás vezes, e isso também lhes digo, tenho muito orgulho em ser professora. Quando? Quando vou buscar a raiz da definição e a cumpro na íntegra. Quando sinto que lhes ensino alguma coisa, não necessariamente útil para a sua formação enquanto alunos, mas acima de tudo, importante para a sua formação enquanto pessoas.
P.S e hoje de manha, o Tózé, diz-me: “Professoooora…. “ “Diz António.” “Não me chame António!” “Não me bata palmas…” “Eu li, numa revista que a Simone de Oliveira se alimentava de aplausos….” “Queres ir para a rua outra vez?” “Não…” “Então escreve o sumário.”

terça-feira, 11 de maio de 2010

Amen

Deixa lá TóZé - II

Eu tive uma professora de Matemática que falava muito baixo e tinha muito respeito pelos alunos. O Bolas pedia-lhe ajuda nos testes e quando a professora dizia que não podia ser porque nos testes os professores não podem ajudar os alunos, o Bolas iniciava o seu número de perturbado e excluído social e dizia-lhe a professora sabe que eu tenho problemas, sabe lá o que eu passo, a minha vida é pior do que o deus-me-livre... A professora fazia festinhas no ombro do Bolas enquanto dizia, pronto, pronto, calma, vamos lá ver isso. E ajudava, claro. (esta foi a primeira de que me lembrei, estórias destas há muitas... parece-me que inicámos aqui um filão)

Deixa lá Tózé

No meu 10º ano tive uma professora de Português que acumulava aquela baba branca, nojentinha, nos cantos da boca enquanto falava.
Nós tínhamos escrito Festa da Espuma na parte de trás dos cadernos que levantávamos quando ela se virava de costas.
Éramos muitos, só a gorda, o gajo das borbulhas e casaco com pele de ovelha e o pencudo que andava com eles é que não alinhavam. A ideia foi do Alex, que era o nosso Tózé mas com um bom poder de liderança.
Nunca ninguém foi para a rua por isso, mas tivemos direito a explicações entre lágrimas, e ficámos a saber que era dos comprimidos que a professora tomava.
A parte boa é que já me perdoei e a lição foi-me útil para suportar as aulas de História da Arte na faculdade.

Logo pela manhazinha...

Pus o TóZé na rua. Pois foi, pois pus.
Oito e meia da manha, enfiados num dos 34 contentores que transformaram a escola numa favela onde demoramos 5 minutos a chegar, por entre guindastes e escadas de ferro. Oito e meia da manha e o TóZé sem livro e apenas com um caderno onde resolveu escrever a palavra "aplausos" e levantar sempre que eu lhes dava as definições de Rio, Caudal e Regime.
P.S Consegui controlar o riso até ele sair...ufaaa!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

6:20

Aleatoriedades

1 . Há duas semanas, quando as temperaturas andavam nos 30º fui resgatar umas sandálias do fundo da gaveta para irmos dar um passeio.
Encontrei-as neste estado: 2. Desde quarta-feira, dia em que aceitei uma proposta maluca que consistia em ir correr à beira rio, que estou com uma dor algures entre o cuboide e as articulações tarsometatársicas. Acho mesmo que as articulações tarsometatársicas andam a miar tal e qual uma dobradiça ferrugenta.
3. Tenho uma maternidade de moscas em casa. Concentram-se no vidro da janela mas ainda não percebi de onde vêm.
4. Hoje a minha vizinha começou a chamar-me, abri a porta e estava ela com um sorriso, de kinder barritas na mão estendido para mim. A semana passada foram duas embalagens. Já foi há muitos anos que ouvi mas não pense a D. Anita que me esqueci do final dessa história.

domingo, 9 de maio de 2010

Paixão clubística

Não posso deixar de registar:
o meu pai que durante anos seguidos foi apupado no local de trabalho pelas vitórias retumbantes do FCP, no ano em que se reforma, vê atónito ao seu Sporting de Braga da cidade natal e Benfica do coração, numa férrea disputa pelo título. Está pálido de emoção...já a passar para o esverdeado... e não sabe por quem torcer. Há momentos difíceis na vida de um homem...e amanhã não poderá gozar com ninguém.

Simone de Oliveira

Porque se fosse escolher um mês, seria sempre Maio
Porque se fosse escolher um nome, seria Simone de Oliveira.
Com a inteira aprovação da Madrinha e do Padrinho,
A que ainda não tem nome, doravante assim se chamará.

sábado, 8 de maio de 2010

Do quotidiano

Dentro de um carro, 30km´s para lá, 30 km´s para cá…o mundo adquire a velocidade do estado de espírito e a sonoridade de estações de rádio repetitivas, que salto ao sabor do humor e da vontade. Dentro de um carro 30Km´s para lá, 30 km´s para cá, fazem-me falta a realidade e a cara dos outros. Faz-me falta o cheiro, o ruído da massa anónima, as conversas paralelas, os entreolhares cúmplices. Dentro de um carro 30km´s para lá, 30 km´s para cá, faz-me falta a vida dos outros, para também completar a minha. Fazem-me falta as histórias diárias. Motivada por essa falta hoje a viagem foi feita num comboio e ao meu lado uma família de romenos resolveu cortar as unhas e arrancar as peles com os dentes. Pelo menos durante um mês, ou o tempo que durar essa visão na minha cabeça, acho que vou sobreviver tranquilamente a essa falta.

Chuva e frio em Maio?

Estão a gozar?!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Questionar

Foram os nossos pais que nos ensinaram.

Laico...mas pouco

Esta semana recebi uma mãe na escola. Mãe de uma filha que estuda, que quer andar na escola, que gosta da escola, que gosta de saber mais e mais quer aprender. Mãe-mãe. Mãe que agora não está a trabalhar porque não pode. Mãe humilde e mãe tão digna.
O marido, está desempregado desde 2008. 54 anos já não ajudam e uma bronquite crónica piora. A mãe foi operada a um peito, segundo me disse e eu não perguntei o que tinha o peito da mãe, se um cancro, se só uma tristeza que lhe explode em lágrimas e que operação alguma poderá nunca remover.
Pai e mãe estão agora em casa. A filha é a melhor aluna da turma, mas não há certeza sobre a continuidade dos estudos. Numa conversa com um responsável da Segurança Social, foi-lhe dito que, ninguém a obrigava a estudar, por isso o Estado não é obrigado a ajudá-los.
Nesse dia em que recebi a mãe e a mãe chorou tanto, tínhamos pousado na mesa um jornal onde a vinda do Papa a Portugal era manchete. Lembrei-me dos 200 mil euros custará o altar onde celebrará missa em Lisboa. A Claúdia não é obrigada a estudar. Pois não. Mas quer e trabalha para isso. E o Papa é obrigado a cá vir? Se o Estado não tem 200 euros para ajudar a pagar os livros da Claúdia, onde vai buscar 200 mil para instalar um altar no Terreiro do Paço? Dir-me-ão que é uma situação incomparável e que o Papa não tem culpa. Pois não, mas para começar não ficava nada mal à Igreja enquanto Instituição e ao Papa enquanto homem começarem por dar um exemplo de humildade.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Crush Anderson

Tu Wes o maior!

Tina Crush

Oh, You're the best!Tina, contigo aprendemos a entrega.
Não confiava o meu coração a uma mulher que não tivesse uma pequena Tina Turner dentro de si.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

E Foram Felizes Para Sempre

Ter Sono

é pôr uma tigela vazia no microondas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Antes...

... e a Chica fará o favor de colocar o ... e depois, foram felizes para sempre.