sexta-feira, 7 de maio de 2010

Laico...mas pouco

Esta semana recebi uma mãe na escola. Mãe de uma filha que estuda, que quer andar na escola, que gosta da escola, que gosta de saber mais e mais quer aprender. Mãe-mãe. Mãe que agora não está a trabalhar porque não pode. Mãe humilde e mãe tão digna.
O marido, está desempregado desde 2008. 54 anos já não ajudam e uma bronquite crónica piora. A mãe foi operada a um peito, segundo me disse e eu não perguntei o que tinha o peito da mãe, se um cancro, se só uma tristeza que lhe explode em lágrimas e que operação alguma poderá nunca remover.
Pai e mãe estão agora em casa. A filha é a melhor aluna da turma, mas não há certeza sobre a continuidade dos estudos. Numa conversa com um responsável da Segurança Social, foi-lhe dito que, ninguém a obrigava a estudar, por isso o Estado não é obrigado a ajudá-los.
Nesse dia em que recebi a mãe e a mãe chorou tanto, tínhamos pousado na mesa um jornal onde a vinda do Papa a Portugal era manchete. Lembrei-me dos 200 mil euros custará o altar onde celebrará missa em Lisboa. A Claúdia não é obrigada a estudar. Pois não. Mas quer e trabalha para isso. E o Papa é obrigado a cá vir? Se o Estado não tem 200 euros para ajudar a pagar os livros da Claúdia, onde vai buscar 200 mil para instalar um altar no Terreiro do Paço? Dir-me-ão que é uma situação incomparável e que o Papa não tem culpa. Pois não, mas para começar não ficava nada mal à Igreja enquanto Instituição e ao Papa enquanto homem começarem por dar um exemplo de humildade.

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