Esta semana recebi uma mãe na escola. Mãe de uma filha que estuda, que quer andar na escola, que gosta da escola, que gosta de saber mais e mais quer aprender. Mãe-mãe. Mãe que agora não está a trabalhar porque não pode. Mãe humilde e mãe tão digna.
O marido, está desempregado desde 2008. 54 anos já não ajudam e uma bronquite crónica piora. A mãe foi operada a um peito, segundo me disse e eu não perguntei o que tinha o peito da mãe, se um cancro, se só uma tristeza que lhe explode em lágrimas e que operação alguma poderá nunca remover.
Pai e mãe estão agora em casa. A filha é a melhor aluna da turma, mas não há certeza sobre a continuidade dos estudos. Numa conversa com um responsável da Segurança Social, foi-lhe dito que, ninguém a obrigava a estudar, por isso o Estado não é obrigado a ajudá-los.
Nesse dia em que recebi a mãe e a mãe chorou tanto, tínhamos pousado na mesa um jornal onde a vinda do Papa a Portugal era manchete. Lembrei-me dos 200 mil euros custará o altar onde celebrará missa em Lisboa. A Claúdia não é obrigada a estudar. Pois não. Mas quer e trabalha para isso. E o Papa é obrigado a cá vir? Se o Estado não tem 200 euros para ajudar a pagar os livros da Claúdia, onde vai buscar 200 mil para instalar um altar no Terreiro do Paço? Dir-me-ão que é uma situação incomparável e que o Papa não tem culpa. Pois não, mas para começar não ficava nada mal à Igreja enquanto Instituição e ao Papa enquanto homem começarem por dar um exemplo de humildade.
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