Percebemos definitivamente que as coisas não estão bem quando, vamos fazer uma transferência de “nós” para “nós” e nas opções, surge qualquer coisa como Conta Solidária, que não tem este nome, mas tem outro que agora não me lembro, mas cujo sentido é o mesmo e carregamos muito rapidamente na tecla ao lado, mas ficamos a remoer e a pensar nos pretinhos e no Haiti de pretinhos mais clarinhos, o resto da manha. Sovina, cabra insensível, egoísta e outros predicados que tão bem qualificariam a nossa pessoa, ecoam pela cabeça. Por volta da uma da tarde, Deus dá-nos oportunidade de redenção e vemos ao longe, num cruzamento, uns sujeitos com uns coletes vermelhos, com uma letras brancas. Fazem-nos paragem e não hesitamos. Um peditório. Oh que maravilha, meu Deu, que sou tão generosa. Abrimos o vidro, recebemos uns elogios à nossa figura e à nossa boa alma, mais o fumo do cigarro na cara e pensamos que os bombeiros estão a ficar com cara de agarrados. Estamos tão sedentas em consolar a consciência que as mãos nos tremem quando tiramos uma nota da carteira e a entregamos ao senhor bombeiro com ar alucinado. Ele dá-nos uma rifa para a mão e rematamos com ar benévolo: “Admiro muito o trabalho dos bombeiros.” Ele olha para nós estupefacto, acenamos e arrancamos. Felizes. Nos semáforos seguintes olhamos satisfeitas para a rifa e lemos: “Ajude os veteranos de guerra, obrigado.”
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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