Só não há muita vontade para se fazer nada.
Hoje em dia compreendo a vida de universitário. Compreendo tudo. E ao mesmo tempo compreendo as mulheres descompensadas emocionalmente e que têm (e também que não têm mas arranjam, sabe-se lá de que forma) dinheiro para estoirar todos os dias em pequenos mimos que as vão poder fazer sentir bonitas.
Acabou a época de exames. (só) Chumbei a uma cadeira depois de meses em casa, na faculdade, nos cafés, em casa de amigos, debruçada sobre livros com nomes como renina-angio-tensina, ácido acetilsalicílico, beta-hidroxiácido e outros que tais. Nas nossas cabeças ecoava. Meses a a não poder ir porque "estou a estudar", a não poder fazer porque "vou ter exame", a não poder sequer pensar porque "socorro, é já amanhã".
E a sensação que fica depois disto tudo é uma inevitável tendência para a porcaria. De repente dás por ti a ir às compras e a escolher uma garrafa de vinho tinto em detrimento de um monte de laranjas. Dás por ti divertidíssima enquanto estoiras dinheiro em lojas de roupa todos os dias e em coisas Ikeas que depois nem sequer lhes vais dar uso porque afinal não gostaste de ver aquele mamarracho na tua sala de estar, e que já nem sequer podes trocar ou devolver porque tiraste da embalagem. Dás por ti a viveres bem com o facto de seres cada vez mais desinteressante em termos culturais, políticos, religiosos, críticos, etc, porque já não estás nem aí para esforços mentais extra curriculares. Dás por ti a teres vontade de sair muito mais do que o normal (sim, fui ao Lux na semana passada) e a aperceberes-te que te estás a transformar numa típica estudante de ciências: fútil, básica, e desinteressante (mas super divertida e que sabe imenso sobre como fazer uma algaliação!).
Nada disto soaria estranho, para quem não me conhece. Eu, uma pessoa aborrecida, pessimista e inconformista que adormece em todos os filmes que se põe a ver à noite, que não gosta de ir a discotecas, que não tem paciência para gente parva, chata e desinteressante que gosta de ir a discotecas, de ir "beber um copo" ou de " tomar um cafézinho" (aquelas expressões que dão arrepios só de as ouvir). Eu, uma pessoa que não bebe, não fuma, não se droga e cuja bebida preferida é o chá. Começo a acrescentar alguns pretéritos imperfeitos na minha vidinha. Obrigada Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.
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